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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Marília de Dirceu - Thomás Antônio Gonzaga



“Pintam, Marília, os poetas
a um menino vendado,
com uma aljava de setas,
arco empunhado na mão;
ligeiras asas nos ombros,
o tenro corpo despido,
e de amor ou de culpido
são os nomes que lhe dão...

Tu Marília, agora vendo
de amor o lindo retrato,
contigo estarás dizendo
que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
que cupido é deus suposto:
se há cupido é só teu rosto,
que ele foi quem me venceu...

Na sua face mimosa, Marília,
estão misturadas purpúreas folhas de rosa,
brancas folhas de jasmim.
Dos rubins mais preciosos
os seus beiços são formados;
os seus dentes delicados
são pedações de marfim.

Mal vi seu rosto perfeito,
dei logo um suspiro, e ele
reconheceu haver-me feito
estrago no coração.
Punha em mim os olhos, quando
entendia eu não olhava;
vendo que o via, baixava
a modesta vista ao chão.


Marília de Dirceu - Thomás Antônio Gonzaga



Um comentário:

  1. "Mal vi seu rosto perfeito,
    dei logo um suspiro, e ele
    reconheceu haver-me feito
    estrago no coração.
    Punha em mim os olhos, quando
    entendia eu não olhava;
    vendo que o via, baixava
    a modesta vista ao chão."

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