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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Bukowski, de alcoólatra à gênio


E o medíocre deparou-se com seus aforismos e sentenças, um mero contato fortuito. Reconhecera, por intermédio da opinião de outrem, toda a sua genialidade. E, aquele que foi perseguido e humilhado, ignorado e expurgado, assumira assim o status de herói de uma geração. O alcoólatra, o solitário, o anômalo. Mas, gênio que foi, de fato, a muito já previa, enfatizando assim toda a sua repulsa:

“Outro dia, fiquei pensando no mundo sem mim.
Há o mundo continuando a fazer o que faz.
E eu não estou lá. Muito estranho. Penso
no caminhão do lixo passando e levando o lixo
e eu não estou lá. Ou o jornal jogado no jardim
e eu não estou lá para pegá-lo. Impossível.
E pior, algum tempo depois de estar morto, vou ser
verdadeiramente descoberto. E todos aqueles
que tinham medo de mim ou me odiavam
vão subitamente me aceitar. Minhas palavras
vão estar em todos os lugares. Vão se formar
clubes e sociedades. Será nojento.
Será feito um filme sobre a minha vida.
Me farão muito mais corajoso e talentoso do que
sou. Muito mais. Será suficiente para fazer
os deuses vomitarem. A raça humana exagera
em tudo: seus heróis, seus inimigos, sua importância.

Charles Bukowski

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